Com o advento do 5G, os setores envolvidos com a logística do país já estão realizando estudos sobre como aplicar a nova tecnologia em portos e estradas do país. Em ambas situações, o desafio da implementação é considerado como um fator importante e, apesar da expectativa de uma inédita automação nos mais variados processos, a amplificação das atuais tecnologias já implementadas através desta nova tecnologia podem trazer benefícios.
Um dos ganhos vistos pelos especialistas é na operação em terminais portuários. Em entrevista ao jornal BE News, o CEO da empresa de tecnologia ModalGR, Danilo Abbondanza, destaca a amplitude que o 5G trará para as operações “O mais legal dessa tecnologia é que abrirá um grande leque de opções. O 4G conectou as pessoas, o 5G irá conectar as coisas”.
Abbondanza também destaca que a inteligência artificial, impulsionada pelo 5G, ajudará na eficiência na operação remota de máquinas, como os stackers, reduzindo os riscos aos trabalhadores. Uma das possibilidades do uso dessa tecnologia é na projeção do campo de visão da embarcação em um ambiente de realidade virtual, assim antevendo os próximos passos e possíveis acidentes ao entrar em locais de navegação mais estreitos, como um porto. “A realidade aumentada é uma excelente maneira de ajudar principalmente empresas que precisam de mais cuidados com cargas sensíveis, perigosas ou de alto valor”, lembra.
Já o especialista em tecnologia e diretor-executivo da Abtra (Associação Brasileira de Terminais e Recintos Alfandegados), Angelino Caputo e Oliveira, também em entrevista ao BE News, crê que a nova tecnologia terá suas utilidades, mas que o setor não precisará sempre de sensoriamento, controle de ativos remotos e monitoramento. “Nem todas as aplicações precisam de uma banda tão larga assim”, pondera. “Mais da metade das necessidades de sensoriamento remoto não precisa nem de 4G, por exemplo.”
Outro ponto importante levantado por Caputo é a situação da alimentação, uma vez que o 5G precisa ser ligado efetivamente a uma rede elétrica, podendo ser um problema para áreas isoladas ou em mar aberto. Uma solução seria a tecnologia “LoRa” (de “Low Range”), que permite a cobertura de áreas amplas com baixa potência e que pode ser implantada com baixo custo, utilizando baterias que duram até oito anos.
Confederação Nacional de Transportes debateu tema com autoridades do segmento rodoviário
A CNT (Confederação Nacional de Transportes) promoveu um seminário virtual sobre os impactos do 5G. Nele, o secretário de Telecomunicações do Ministério das Comunicações, Artur Coimbra de Oliveira, lembrou que o leilão do 5G trará aperfeiçoamentos que vão além da tecnologia em si, onde uma delas é a obrigação por parte das vencedoras de um lote do leilão de 5G, da instalação de antenas de cobertura no mínimo 4G em todas as estradas federais do país.
Já o diretor-geral da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), Rafael Vitale, apontou que o órgão atua com a possibilidade de contratos de concessão rodoviária com cláusulas flexíveis, para que seja escolhida uma solução tecnológica cabível, além de permitir a absorção de novas tecnologias de maneira natural, com o passar da execução contratual.
Vitale também indicou que a agência reguladora deve mudar seu regimento interno, para criar uma coordenação específica de inovações, destinada a atender todo o transporte no país. “Esta coordenação é transversal e deve olhar para o futuro, justamente em um movimento para eliminar o gap e ao menos estarmos pari passu com a evolução tecnológica”, prometeu.
Também participante do seminário, o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, indicou em seu discurso que a possibilidade de operações autônomas e de monitoramento contínuo é um dos principais atrativos do 5G para o setor rodoviário. ”O que eu vejo atualmente é a tecnologia participando diretamente no aumento da eficiência, da segurança no sentido de security e safety dos nossos veículos”, disse Marcos Pontes. “Estamos aqui para ajudar as empresas a terem sucesso, com nosso sistema de ciência e tecnologia como acessórios”.
Fonte: BE News